Para muitos, a fé é um sentimento oceânico e não precisa de
comprovação para atravessar suas águas – sempre tem um horizonte.
A fé é uma verdade que dispensa certificação,
diploma, registro em cartório.
Fé é acreditar sem provas. Para Freud, religião é
ilusão. Pra mim, é delírio. Penso em conexão quando penso em fé.
Mantras e orações religam a fé interior. A leitura também!
Gosto de pensar que fé tem a ver com afeto, que não se
quantifica. A fé, talvez, acalme as angústias. Talvez.
Para quem suspeita das divindades e da humanidade, resta a crença na Natureza. Como estão destruindo tudo, é de se esperar que a Natureza se rebele de forma devastadora: dilúvios, furacões, tsunamis, degelo, terremotos...
Por enquanto nosso maior cataclismo é caminhar
na bucólica Bela Vista do Fão, distrito de Marques de Souza.
Na estradinha, vários santos e uma Iemanjá.
Parecia faltar mais uma conexão espiritualizada,
talvez, mais filosófica.
Agradecemos à Sonia e ao Cleo,
o apoio e o carinho.
Acredito que tudo é uma questão de
atitude perante o mundo que nos rodeia.
Freud já disse que estamos todos no mesmo barco:
e não tem como pular fora...
"Tudo o que somos é o que pensamos."
Não sou budista.
Ícones e imagens são
provas de benquerença.
Montar um altar para Buda
é lembrar que existem diversas formas de pensar
a Natureza e a Humanidade.
A verdade não tem guardião:
mas fazer aniversario é uma prova
incontestável de vida.
E a gente celebra.
Na fé, vários caminhos para se percorrer,
sem discriminação.
Prefiro espiritualidade à religião.
Talvez, tudo não passe de simbólica utopia.
Mas para que serve a utopia?
pergunta o escritor Eduardo Galeano.
"Para que não se deixe de caminhar."
Para que não se deixe de atravessar com fé
a outra margem da vida.
O inocente rio Fão já mostrou do que é capaz,
colocando sua natureza à prova de fé:
quem pode mais?
Na Cascata Dalmoro,
a conexão íntima
com o sagrado absoluto do belo.
À noite, o filó em Bela Vista do Fão:
a fé no reencontro com pessoas queridas,
pessoas que fazem a diferença no lugar onde vivem.
Que trabalham com fé...
e alegria.
A vida é isso:
convergências de todas naturezas.
Reencontros!
Reencontros...
Reeeeencontros!
Pequenos grandes reencontros.
Mas o meu maior reencontro
se dá sempre com a Natureza.
Onde terminam as palavras,
continuam as imagens.
Até a próxima!
“Agora
não pergunto mais pra onde vai a estrada”
“Agora
não espero mais aquela madrugada”
“Vai
ser, vai ser, vai ter de ser,
vai ser faca amolada”
“Deixar a sua luz brilhar e ser muito
tranquilo”
“Deixar
o seu amor crescer e ser muito tranquilo”
“Brilhar,
brilhar, acontecer,
brilhar faca amolada”
“Irmão,
irmã, irmã,
irmão de fé faca amolada”
“Plantar
o trigo e refazer o pão de cada dia”
“Beber
o vinho e renascer na luz de todo dia”
“A
fé, a fé, paixão e fé, a fé,
faca amolada”
“O
chão, o chão, o sal da terra,
o chão, faca amolada”
“Deixar
a sua luz brilhar no pão de todo dia”
“Deixar
o seu amor crescer na luz de cada dia”
“Vai
ser, vai ser, vai ter de ser,
vai ser muito tranquilo”
“O
brilho cego de paixão e fé, faca amolada”
"Fé cega, faca amolada"
Milton Nascimento e Ronaldo Bastos