sábado, 6 de janeiro de 2024

CACHOEIRA DO SUL


Essa é a segunda vez que visito Cachoeira. Adoro a cidade. E vou mostrar porquê!

Primeiro um naco da sua história:

Em 1754, na guerra guaranítica, vide história de Sepé Tiaraju, os indígenas, principalmente da tribo Guarani, se rebelaram contra Portugal e Espanha, e contra práticas  jesuíticas. Derrotados, alguns indígenas e religiosos abandonam as Missões e se refugiam no Cerro do Botucaraí, onde erguem uma aldeia.

Quinze anos depois, são levados ao Passo do Fandango, junto ao rio Jacuí, onde constroem a capela de São Nicolau. É dessa época que a pequena freguesia se forma com açorianos e indígenas e começa a ser chamada de Cachoeira, devido às quedas d'água do rio.

Em 1799 é inaugurada a Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição, hoje tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.  

Por ordem do rei Dom João VI, em 26 de abril de 1819, a freguesia torna-se vila e passa a ser a 5ª cidade mais antiga do Rio Grande do Sul. 

www.primeirahora.rs 2019

Outro lugar lindo é a praça do Château d'Eau  ou "castelo d'água", também símbolo de Cachoeira do Sul. Foi construído para levar água ao reservatório de distribuição da Rua Júlio de Castilhos e regular a pressão da água nas zonas mais elevadas da cidade.

No projeto de 1925 traz as esculturas de Netuno e um grupo de ninfas, confeccionadas em Porto Alegre. É desativado em junho de 1970. Restaurado, foi tombado em 2012.


O prédio do Banrisul, antes, 
o antigo prédio do Banco Pelotense, 

na esquina das ruas Sete de Setembro com a Presidente Vargas, 
tombado! Sua construção é de 1922.

É lindo... E as árvores na lateral são deslumbrantes!

Cachoeira é uma cidade quente. 
Chega fácil aos 40º.
Mas no inverno é bem frio! 
Parece um sonho, caminhar pelas ruas 
e ver a quantidades de casarões preservados!
Tão diferente da minha cidade...
Quem ama defende...

 Casarões preservados servem de pontos comerciais, 
e restaurantes charmosos!


E mesmo aqueles que não fazem parte de uma arquitetura antiga
tratam de ambientar o Tempo!
Trabalho de restauração, em uma das ruas comerciais.

Olha esse detalhe!
Casa Augusto Wilhelm, 1920

Casa de Cultura Paulo Salzano Vieira da Cunha.
Data de 1915, hoje tombada. Abria a
Biblioteca Pública Dr. João Minssen
Tem o teto móvel, com estrutura em vidro e metal.
Já foi a Escola Superior de Artes Santa Cecilia, fundada em 1957.
Abriga também o Atelier Livre Eluiza de Bem Vidal.

Palácio Legislativo João Neves da Fontoura
Tombado em 1985.
Data: 1927 quando foi o Banco da Província. 

Nem só do passado vive Cachoeira do Sul... 
Caminhando, encontrei um centrinho cultural!
E no interior,  a linda Livraria Santos!


Onde deixei Malvina e Engole esse choro!
São 17 livrarias no estado: 5 em Porto Alegre 
e outras espalhadas pela serra e praias.

Ao sair da livraria, vi uma mãe e filha pequena 
entrarem numa ruazinha.  Segui atrás.
Era entrada da Capela Nosso Senhor do Bom Fim
e túmulo da Escrava Josefa, que teria morrido nesse local.

Havia uma senhora pedindo proteção. 
A mãe que segui também fez sua oração ou súplica.
E eu?  Emocionada, agradeci pelo encontro e pedi benção.

Quando ia saindo, vi a placa com informações.

A escrava jovem,  na verdade, se chamaria Maria José, e vivido com muito sofrimento, nas décadas finais do século XIX.

 “Josefa era agredida das mais variadas formas pelos seus patrões na fazenda onde trabalhava e vivia. Seu destino foi trágico. Ela foi assassinada cruelmente pelos seus senhores. Até hoje não se sabe ao certo  como ocorreu sua morte. Entretanto, existem oito versões bem diferentes sobre o caso, presentes na memória do povo.”

Destaco duas: Josefa foi levada ao pelourinho para ser açoitada. E morreu em decorrência dos ferimentos. Anos depois de enterrada como indigente, o sangue emergia de sua cova. A sepultura então foi aberta e constatou-se que o corpo ainda estava intacto.

Outra versão diz que seu patrão tentou seviciá-la, sexualmente. Josefa reagiu. E o patrão  a empurrou  para dentro de um caldeirão cheio de gordura em temperatura escaldante, usada para a produção de sabão. Josefa acabou enterrada ainda viva.

Lendas ou não, fiquei emocionada do acaso me levar até um lugar tão espiritualizado.

*
Gente conhecida que nasceu em Cachoeira do Sul:
Cartunista Adão Iturrusgaray, o jornalista Alexandre Garcia, o pintor Plínio Bernhardt, o combatente  Honório Lemes ou "O leão do Caverá", o pintor Iberê Camargo, o jornalista Régis Rösing, a miss Brasil Rejane Goulart, o político Carlos Vieira da Cunha.

Visite!


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