Minha amiga Ingrid é de Estrela.
Morou anos em Olinda. Adora aquelas bandas de lá.
Convidamos para conhecer o interior do vale do Taquari: a volta do Fão.
Uma caminhadinha pelo asfalto, depois embrenhamos na colônia, num dia lindo de inverno.
As fotos falam por si: a riqueza vem da terra. Por isso que a gente tem o que comer.
Trabalho pesado e de alto custo.
Nunca vi o rio Fão tão limpo.
Ingrid tem pavor de altura, mas conseguiu atravessar a pinguel: "Nunca mais!"
Alício de Assunção inicia os Passeio pela Colônia nesse domingo. Essa caminhada de 15 km foi um teste...
Leitões aqui!
Um colono no distrito de Tamanduá destruiu toda a terra, cortou todas as arvores ao redor da igrejinha.
Por isso que facilmente o rio desbarranca: a ganância desses ignorantes... Patram não faz nada. Ninguem faz nada.
Aqui outro flagrante de desastre ecológico sem responsabilidade ambiental. Uma olaria que cava ate a beira do rio. Ninguem tem a menor preocupação com os crimes cometidos.
Esse corredor ecológico não tem nem 5 m de mata ciliar. Tudo destruído.
Para cada encruzilhada,
uma escolha.
E dessa escolha, um destino...
La vamos nós, sonhando com um planeta sustentável...
Aos poucos, os agricultores vão tentando comercializar seus produtos também com quem faz os passeios pelo interior.
Dona Leidi botando fatias de pão para secar. Depois viram ração para as galinhas criadas soltas.
O êxodo rural: motivos econômicos, sociais, melhores condições de vida, em busca de direitos trabalhistas, tudo contribuiu para afastar os colonos do campo, nos anos 80.
Muita desilusão empurra o homem para a cidade grande:
inundações, estiagens, chuva de granizo, pragas...
falta de investimento e assessoria técnica aos colonos.
falta de investimento e assessoria técnica aos colonos.E eles partem cheios de esperança para as cidades poluídas, competitivas e seu povo alienado.
A primeira grande migração foi nos 50, dizem os estudiosos.
Foi durante uma grande seca entre 1950 e 1958 que muitos colonos migraram, pela primeira vez. Deixando os velhos e suas terras para trás. Aos poucos, nos anos 80, com o êxodo, com a diminuição de filhos por famílias, também as escolas fecharam...
Migraram atras de uma vida melhor?
Só em 2008, conforme estudos, 40% das propriedades rurais
foram abandonadas no Vale.
Todo meu respeito aos trabalhadores rurais.
Quando perguntamos porque o abandono,
desconversam e silenciam.
Eu sei muito bem que recordar é também inventar,
traçar equívocos, criar lendas...
A zona rural vai aos poucos poucos se reinventando, à beira das estradas de pó e lama.
Poder morar no interior tem suas dificuldades, sem falar na questão da segurança, mas é uma benção: longe do barulho e da poluição ideológica das cidades...
Muita gente estrá fazendo o caminho de volta: da cidade para a zona rural.
Nunca vi o rio Fão tão limpo como por esses dias e essa paisagem me enche de alegria.
Tenho o maior orgulho dessa região que já foi tão castigada pelo Homem e pela Natureza.
Nada me motiva mais na vida do que caminhar pelo Vale.
Não parece águas das geleiras andinas?
Marla de Assunção mora em Tamanduá. Trabalha com artesanato e é minha amiga. Junto com o marido Alício organizam os Passeios na Colônia, a nossa maior referência turística no vale, um sucesso que extrapola o Vale do Taquari.
Igrejinha Nossa Senhora dos Navegantes
no alto de uma colina
chama atenção durante quase todo o percurso.
Erguida nos anos 50 ainda motiva o padre a realizar missa.
Chegamos enfim ao armazém, de goela seca...
Nada que uma ceva gelada não resolva...
Dali e de longe, a história nos observa e abençoa.
